domingo, 7 de março de 2010

Sádhana: fazer ou não fazer?

O Siva (meu professor, Sivaswarupa) conta, de vez em quando, sobre o tempo em que ele fez os cursos dele na Índia. Conta que acordava às três da manhã e começava a meditar antes de todo mundo, que tinha que ficar sentado na mesma posição por cinco horas e que tinha práticas severas de Hatha Yoga pela manhã e pela tarde sob sol escaldante ou frio rigoroso. Por isso, quando ele dá sermão parece que é tão direcionado a mim – a carapuça sempre serve! Porque eu não quero ser ‘meia boca’, eu quero dar o meu melhor.
Nós sabemos que na Índia há práticas ainda mais ascéticas para treinar a mente. Swami Sivananda aconselha só a meditar meia hora ao amanhecer e meia hora ao entardecer. Eu, nem isso faço...
Assim, uma das minhas resoluções de ano novo foi fazer o sádhana todos os dias pela manhã. Sádhana é a prática espiritual. A minha consistia em alguns kapalabhatis (pranayama), saudações ao sol, ásanas e a tentativa de meditação. Comecei bem. Acordava no mesmo horário, sentava no meu tapetinho e me esforçava. Na metade de janeiro já desisti.
Eu me cobro demais. Não achava que fazia ásanas suficientes e, definitivamente, não conseguia me concentrar nem por 5 minutos. O sádhana virou mais uma obrigação no meu dia, enquanto devia ser um momento prazeroso de conexão comigo mesma. Tomei consciência disso e tentei ter mais paciência, mais fé em mim. Um dia voltei a fazer, no seguinte não fiz mais. Nem com a volta às aulas do curso de formação, em fevereiro, e toda a discussão sobre a importância de meditar todos os dias eu estou conseguindo me empolgar com a idéia de acordar mais cedo e ter uma prática só minha.
Não discuti isso com o Siva ainda, mas sei que não adianta esperar um momento ideal, um lugar ideal. Assim como sou culpada por minhas tensões e inseguranças, sou eu também quem pode mudá-las. Se é uma questão de treinar a mente, quando eu a deixo me convencer a ficar mais cinco minutos na cama, já perdi a briga.
Talvez eu precise mesmo de tapas (austeridade), pra treinar minha persistência – todo mundo sabe que esse não é meu ponto forte. A questão é: me forço a meditar todo dia, quer queira quer não, porque disciplina é essencial, ou espero adotar de coração a prática porque não devo me violentar?
Dilemas... Aposto que não sou a única a passar por essas questões, gostaria de ouvir de alguém aí do outro lado suas experiências.

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