sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

 
O livro da autora e professora de yoga Tara Fraser (editora Publifolha) é uma ótima opção de primeira leitura sobre o assunto. Curtinho, dá para ser lido em um dia só.

Achei-o extremamente bem escrito: fácil de entender, simples e completo. O livro aborda todos os principais assuntos sobre o yoga: o que é, origem, os diferentes estilos, os “cinco corpos”, os chakras, ayurveda com os doshas resumidos, iamas e niamas, alguns mudras e pranayamas e os ásanas bem básicos com fotos e explicações de como fazer e para que servem.
Dicas do livro para quem vai começar a praticar em casa (e o que é sempre bom lembrar, mesmo para veteranos):
·         “Escolha posturas que pareçam adequadas ao seu estado de espírito e nível de energia. Sempre que praticar, comece com poses mais suaves e depois passe para as mais fortes.
·         Respire uniformemente e lentamente pelo nariz durante as posturas. Procure erguer ou estender o corpo ao inspirar; use cada expiração para encontrar estabilidade, equilíbrio e tranquilidade.
·         Nunca comece nem encerre uma postura com pressa – procure tomar consciência de cada fase dela e demore o quanto precisar para se mover suave mas decididamente para a fase seguinte.
·         Nunca force uma postura; se doer, pare.
·         Enquanto pratica, observe se há pontos de tensão desnecessária no corpo – principalmente no rosto, nas mãos, nos pés e no quadril.
·         Não se acostume a praticar diante do espelho. Foque em como se sente na postura, não em sua aparência. Tente tirar do olho da mente qualquer imagem de “perfeição”.
·         Patañjali, autor dos Sutras da ioga, ensinou que as posturas deviam ser tanto sthira (firmes) quanto sukha (cômodas). Tente fazer isso!”
 
 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

As origens do Yoga


A palavra yoga é um substantivo masculino de origem sânscrita. O sânscrito, língua da família indo-europeia, floresceu na Índia antiga, a partir provavelmente do século XX a.C. – época do sânscrito védico, registrado nos quatro livros mais antigos da cultura sânscrita, os Vedas – e em todos os séculos seguintes.

O sânscrito que conhecemos atualmente é aquele que nos chegou através de um grande volume de textos acumulados pela cultura ao longo dos séculos, e representa a norma culta da língua falada pelos povos que se auto-intitulavam arya, na Índia antiga. A palavra samskrta significa exatamente “bem feito”, “acabado”, em oposição à designação dada aos linguajares populares, que eram prakrta (“prácritos”) – estes, por sinal, os que viriam a se tornar as várias línguas do norte da Índia.

Em sânscrito foram compostos os grandes poemas épicos, o Mahabharata e o Ramayana, num registro que se convenciona chamar de “sânscrito épico”. Também está registrada em sânscrito toda a literatura sagrada do Hinduísmo. Isto ocorreu porque, como língua-símbolo de toda uma cultura, o sânscrito continuou a ser falado nas cortes e nos círculos eruditos, e redigido nos círculos literários em toda a Índia, ao longo dos séculos, não obstante a crescente multiplicação das línguas e diletos falados pelas massas.

A origem da prática denominada yoga parece perder-se na noite dos tempos. Um sinete de barro cozido encontrado nas escavações arqueológicas no Vale do rio Indo – no atual Paquistão -, no início deste século, apresenta uma curiosa figura sentada em padmasana, a “postura de lótus” característica do yoga, trajando uma pele de tigre e cercada por animais. O sinete (manufaturado talvez por volta de 3.000 a.C.) apresenta notável semelhança com as representações do deus Siva, arquétipo do yogin (praticante de yoga), e considerado até hoje a divindade tutelar do yoga.

Desde que os centros dessa civilização foram primeiramente encontrados ao longo do rio Indo, alguns arqueólogos lhe dão o nome de civilização do Vale do Indo; outros chamam-lhe Cultura Harapânica. Tenha o nome que tiver, floresceu durante mil anos, de cerca de 2500 a cerca de 1500 a.C., e em seguida desapareceu misteriosamente.

Entre o apogeu desta civilização e a irrupção do povo arya há um misterioso lapso que os historiadores, arqueólogos e linguistas ainda tentam reconstruir. Ao que parece, a cultura do Indo foi subjugada e vencida por um povo invasor que se autodenominava arya e que falava uma língua do ramo indo-europeu que, séculos mais tarde nas terras invadidas, iria se tornar o sânscrito. Os arya não deixaram cidades, nem estátuas, nem sinetes de pedra, nem panelas, tijolos ou cemitérios que os cientistas possam escavar, classificar e interpretar. O que deixaram, porém, foi um dos mais extraordinários corpos de literatura do mundo. Estamos nos referindo a uma coletânea de quatro livros de hinos litúrgicos da classe sacerdotal do povo arya, intitulados os quatro Veda (Rgveda, Samaveda, Atharvaveda e Yajurveda).

O “período védico” inicia-se por volta de XX-XV a.C. e vai até a fase de transição representada pelos textos das primeiras Upanishad, e que culminará nas figuras de Buddha e Mahavira (ambos, circa VI a.C.).

Somente no período seguinte, denominado “período épico-bramânico” (circa VIII a.C. – II d.C.), que encontraremos referências explícitas e sistemáticas às práticas do yoga; aliás, este é o período no qual vamos encontrar o texto Yogasutra.

O fato de que as práticas do yoga tenham sido abundantemente citadas e descritas somente na literatura da cultura sânscrita posterior ao período védico e de que, ao mesmo tempo, também não constem elas em nenhuma outra literatura do mundo indo-europeu, tem sido indicadores aos estudiosos desta cultura de que realmente o yoga não foi uma contribuição indo-europeia trazida pelo povo arya, senão um sistema de origem autóctone, já existente entre os povos da região, e que foi paulatinamente assimilado e absorvido pelos conquistadores.

 

Para saber mais, indico o riquíssimo estudo de Lilian Cristina Gulmini: “O Yogasutra de Patanjali – Tradução e análise da obra, à luz de seus fundamentos contextuais, intertextuais e linguísticos”.

Quando eu disse que voltaríamos ao comecinho era bem comecinho mesmo, né?

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Definição de Yoga


Voltando ao básico.

 
A palavra Yoga vem da palavra em sânscrito “yuj”, que significa juntar ou unir. De forma simplista, podemos dizer que isso implica a integração de todos os aspectos do indivíduo – corpo com mente e mente com alma – para atingir uma vida feliz, equilibrada e útil, e, espiritualmente, unindo o individual com o supremo.

Os textos hindus que discutem aspectos do yoga incluem principalmente os Upanishads, o Bhagavad Guita, o Hatha Yoga Pradipika e o Yoga Sutra. Neles encontramos as seguintes definições:

No Bhagavad Guita: "É dito que Yoga é equanimidade da mente" (II, 48), "Yoga é a excelência nas ações" (II, 50).

No Yoga Sutra: "Yoga é a supressão dos movimentos da mente" (I, 2)

Comentários de Vyasa aos Sutras de Patanjali: "Yoga é Samadhi". (I, 1)

Nos Upanishads: "Não conhece doença, velhice nem sofrimento aquele que forja seu corpo no fogo do Yoga. Atividade, saúde, libertação dos condicionamentos, circunspecção, eloquência, cheiro agradável e pouca secreção, são os sinais pelos quais o Yoga manifesta seu poder." Upanishad Shvetashvatara (II:12-13).

"A unidade da respiração, da consciência e dos sentidos, seguida pela aniquilação de todas as condições da existência: isso é o Yoga." Upanishad Maitri, VI:25

"Quando os cinco sentidos e a mente estão parados, e a própria razão descansa em silêncio, então começa o caminho supremo. Essa firmeza calma dos sentidos chama-se Yoga. Mas deve-se estar atento, pois o Yoga vem e vai." Upanishad Katha, VI

Vamos usar a definição de que se trata de uma prática de posturas e exercícios que visa à saúde do corpo físico como caminho para a melhora do estado mental e emocional, levando, por fim, ao bem-estar espiritual.

Nesta minha volta ao blog, às práticas e aos estudos, te convido a avançar aos poucos, desde o comecinho. O caminho é longo e não precisamos ter pressa.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Saudades

Saudades. Estou voltando.



"Cada alma tem o direito de escolher o seu próprio caminho, e de procurar Deus à sua própria maneira."

Swami Vivekananda

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