segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Mea Culpa, o chato

Eu fui criada na cultura judaico-cristã, por isso tenho um personagem que me acompanha. É um sacerdote velhinho, corcunda, que usa um cajado e um quipá, com vestes de monge franciscano e uma enorme cruz pendurada no pescoço. O chamo de Mea Culpa.
Mea Culpa aparece em cima dos meus ombros toda vez que recebo uma crítica.
Semana passada ele bateu com o cajado na minha cabeça quando cheguei atrasada ao trabalho (a semana toda, pra ser sincera). Quase me afogou na água benta quando desisti de fazer matrícula em outra faculdade. Obrigou-me a ajoelhar no milho quando fiquei com preguiça de fazer almoço. Isso sem contar os sermões sem fim que ouvi por motivos mais bestas.
Esse chato insiste em dizer que sou pecadora e não merecedora de amor. E eu acredito.
_ Você, minha filha, vai ter que prestar contas pelas bênçãos de sua vida um dia. Acha que essa vida fácil vai permanecer assim pra sempre? Acha mesmo que merece essa mamata? Guarde suas forças que o pior está por vir, o dia do juízo final está chegando!
_ Mas, senhor, eu estou me esforçando! Não sou perfeita, mas estou me esforçando!
_ Não é o bastante. – chiplá, chiplá (som das chibatas nas minhas costas).
Penitências e mais penitências na minha cabeça. Tão cansativo!
Se eu tivesse sido criada no hinduismo seria mais fácil aceitar que sou o Atman, perfeita, e que essas são apenas flutuações da mente a que não devemos dar importância. Se fosse budista talvez aceitasse que sou parte do todo, que tudo é uma coisa só, não existe certo e errado.
No Ocidente somos neuróticos por medo do Inferno, essa é a minha teoria hoje. Convivendo com um evangélico isso é elevado ao expoente máximo.
Mas, alguém me explique, se Jesus sacrificou-se para nos livrar do pecado, para nos salvar, por que Ele vai voltar e me largar na condenação eterna mesmo? Se Ele nos ama, se somos todos filhos Dele, como pode achar que alguém merece sofrer para sempre?
Não sei, acho tudo isso meio confuso. Mea Culpa está me dizendo que não devo tentar entender o que não é dos homens, ser insignificante que sou, devo obedecer e me calar.
_Perdão, Mea Culpa. Perdoe-me, Senhor. Preciso de seu perdão e de seu amor. – Na verdade, eu preciso conseguir me perdoar. De novo, como um exercício a ser incluído na minha rotina, me aceitar, respeitar, amar...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Obrigações

O blog fez um ano. Como já disse aqui, adorei essa experiência. Continuo vibrando com cada visita – cara, tem várias, inacreditável!
Afastei-me um pouco da Yoga nesse final/começo de ano. Engraçado é que andei, andei, e parece que mal saí do lugar. O Dalai Lama, quando perguntado sobre o processo de evolução espiritual, respondeu que em 70 anos ele conseguiu evoluir um pouquinho (mostrando com os dedos um centímetro!). Quem sou eu para, em um ano, querer operar milagres?
Continuo uma louca neurótica. Às vezes um pouco mais serena e feliz, às vezes uma pirada ansiosa irritante. Minha auto estima insiste em cair no pé com certa freqüência e coisinhas teimosamente encravadas em minha mente voltam a me assombrar.
Contardo Calegaris escreveu algo muito interessante sobre transformar desejo em obrigação: “Conheci pouquíssimos que sumiram, mas conheço muitos que expressam a vontade de sumir. Todos explicam sua vontade da mesma forma: trata-se de fugir de exigências impossíveis de serem satisfeitas. Mas, cuidado: 'Eles me pedem demais' é a tradução projetiva de 'eu me peço demais'. Quem foge das exigências do mundo está quase sempre fugindo das exigências que seu próprio desejo lhe coloca. (...) Funciona assim: um dos jeitos de nos autorizarmos a querer o que desejamos consiste em transformar nosso desejo numa obrigação. Desejar é mais fácil (embora menos alegre) quando imaginamos desejar a mando de algum outro. O problema é que esse desejo, facilitado por ser mandatário, logo aparece como uma exigência da qual, eventualmente, vamos querer fugir.
Meu voto para o Ano Novo: que nos preocupemos menos em mudar nossas vidas e encontremos jeitos de conseguir desejar o que já desejamos sem transformar nosso desejo em obrigação.”

Tenho pensado nisso, no quanto transformo as coisas que gosto de fazer em obrigações excruciantes. Correr: só se for seguindo a planilha e aumentando a quilometragem toda semana. Meditação: todo dia e precisa sentir o efeito, senão não valeu. Yoga: estudar, treinar, melhorar, pesquisar, escrever... Até que me esgoto e abandono tudo. Isso não vem de hoje, nem acho que seja a primeira vez que discuto isso aqui no blog, mas é tão difícil resolver que preciso sempre recordar.
Tendo dito isso, amigos, não prometo observar ekadasi, seguir as satsangas, fazer a sadhana, escrever com freqüência no blog (vocês entenderão...). Prometo ser mais leve.

Namastê!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Feliz Ano Novo!

Deixo aqui para vocês o Calendário Espiritual Hindu até o mês de abril desse ano, com as datas de Ekadasi (jejum) e Purnimas. Desejo a todos uma prática cheia de alegrias, fé e bençãos.
Ai, será que esse ano eu engato? Rs

15/01 - Ekadasi
19/01 - Purnima
29/01 - Ekadasi
14/02 - Ekadasi
17-18/02 - Purnima
28/02 - Ekadasi
16/03 - Ekadasi
19/03 - Purnima
20/03 - Holi
30/03 - Ekadasi

Mais detalhes:
http://sivanandayogadesintese.blogspot.com/2010/12/calendario-espiritual-ate-abril-2011.html

Namastê!

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